Os grupos econômicos são uma forma organizacional que representa um fenômeno de pesquisa interessante para os pesquisadores em administração. Os grupos econômicos são a forma dominante de organização nos países em desenvolvimento. A perspectiva dominante para a explicação da existência dos grupos econômicos é de custos de transação. Esta corrente defende que a premissa da existência dos grupos é o desenvolvimento de mercados internos (de capital, de trabalho) que diminuem os custos de transação, especialmente em contextos institucionais pouco desenvolvidos (institucional voids) (Khanna & Yafeh, 2007). Enquanto esta corrente explica como as falhas de mercado influenciam a formação dos grupos, ela falha ao tentar explicar porque os grupos existem em economias com estruturas institucionais bem desenvolvidas (Yiu, Lu, Bruton & Hoskisson, 2007). Ela também falha para explicar porque, com o fortalecimento dos contextos institucionais de países em desenvolvimento, os grupos econômicos não demonstram esmorecimento. Uma perspectiva que parece promissora para a explicação do fenômeno no contexto brasileiro é a perspectiva baseada na economia política. O interesse de estudo é o impacto de ações governamentais e políticas públicas nas dimensões dos grupos econômicos, particularmente nos países em desenvolvimento. Os grupos surgem tanto por ações deliberadas quanto por ações não deliberadas dos governos. Estas ações podem explicar a formação e o comportamento dos grupos. Estas ações governamentais podem tanto fomentar como inibir a existência dos grupos (Schneider, 2009). Schneider (2009), assim como Khanna e Yafeh (2007) evidenciam um ponto fundamental: os grupos são tanto um produto das políticas de governo (policy) como um agente do jogo político (politics). Isso coloca a perspectiva como a única entre tantas que não apenas explica e estuda a existência do grupo como resposta a fatores internos
ou externos, mas também evidencia a possibilidade dos grupos moldarem o ambiente em que estão inseridos. Pretendemos, através de estudo de caso de dois grupos econômicos brasileiros, demonstrar a adequação da perspectiva baseada na economia política para “explicar” o desenvolvimento dos grupos econômicos brasileiros. Procuramos evidenciar questões de natureza que reforcem a dualidade (os grupos são tanto um produto das políticas de governo como um agente do jogo político desta perspectiva. Para realizar a pesquisa, o método escolhido foi o estudo de caso, pois questões de “como” e “porque”, pouco controle sobre o evento e foco em um fenômeno contemporâneo no contexto da vida real são fatores para a escolha do método (Yin, 2010) Procura-se, a partir do que foi exposto anteriormente, mostrar o desenvolvimento de dois grupos econômicos brasileiros e como, em suas ações estratégicas, influenciaram ou foram influenciados pelas ações de governo corroborando com a teoria política dos grupos econômicos de que os grupos empresariais são instrumentos para atingir objetivos político-econômicos do governo. A conclusão é que a perspectiva baseada na economia política pode ser utilizada para explicar a existência destes grupos econômicos.
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