Este estudo procurou realizar pesquisa empírica para determinar o nível de atratividade e a eficácia das estratégias de posicionamento dos setores da economia. Também procurou mostrar a evolução destas características ao longo do tempo. O estudo foi conduzido através da analise de séries históricas de 24 anos, divididas em períodos de oito anos. Coletaram-se dados para lucro líquido e patrimônio líquido de todas as empresas e setores disponíveis no sistema Economática. Os dados foram tratados para exclusão de outliers e foram calculados os seguintes parâmetros setoriais: ROE, DesvPad ROE e PL. O ROE representa o retorno sobre o capital próprio médio do setor para o período, calculado a partir das médias de retorno para cada empresa individualmente, durante os períodos. O mesmo tratamento foi dado para o patrimônio líquido (PL). O DesvPad representa o desvio padrão dos parâmetros setoriais ROE, por setor e por período. Foram construídos cenários de negócios (two-dimensional landscapes) para auxílio na visualização das diferenças de rentabilidade (ROE) e “potencial de lucro” (uma medida de atratividade do setor) entre os setores, bem como para a apreciação da evolução histórica destes fatores. A análise dos dados mostra evolução na rentabilidade dos setores representados neste estudo. O valor de “potencial de lucro” quintuplica entre os períodos de 1994-2001 e o período de 2002-2009. No período 2002-2009 apenas um dos setores (têxtil) apresenta ROE negativo (representando apenas 2% do capital investido da amostra). Embora as análises sugiram uma evolução nos retornos sobre capital próprio, os dados sugerem que o retorno para o acionista, quando contabilizado o custo de oportunidade, ainda se apresenta negativo mesmo para o período de 2002-2009 (com exceção ao setor petróleo e gás). A evolução do parâmetro DesvPadROE sugere que existe maior campo para a exploração de diferentes posicionamentos estratégicos. O período de 2002-2009 mostra um aumento no DesvPadROE, sugerindo uma maior possibilidade para a implementação de posicionamento competitivos diferenciadores, que potencialmente levam a resultados superiores anormais. Em suma, os resultados deste estudo indicam que as diferenças entre setores permanecem ao longo do tempo e são importantes na determinação da rentabilidade das firmas, o que corrobora as idéias porterianas. Por outro lado, a divisão em períodos representativos da economia brasileira revelou diferenças, sugerindo que para o período analisado, o fator tempo possa ter apresentado impacto significativo, fruto das intensas mudanças estruturais brasileiras nas duas décadas anteriores ao estudo.
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